Os riscos do prestígio
Publicado no Portal Gestão e RH (www.gestaoerh.com.br – 12/2013)
Muitas das notícias divulgadas sobre a morte da princesa Diana se restringiram a questionar a postura dos paparazzi e a invasão da privacidade.
Ao analisarmos o episódio e contextualizá-lo, podemos complementar essa análise voltando ao direito natural e a partir daí interpretá-la de uma outra maneira.
Quantas vezes já ouvimos que provas foram eliminadas porque foram obtidas de forma ilícita.
E a reflexão a partir desse ponto é, qual o limite entre o ético e o não ético?
Diversos CEOs e líderes de organizações enfrentam o mesmo problema e geralmente ele está ligado a informação, quais os limites que colocaremos aos “paparazzi”?
Qual é o ponto limite do qual uma vez transposto o caminho de volta deixará de existir. A princesa Diana, tinha um objetivo claro e bem definido, precisaria existir após a sua separação com o príncipe Charles, precisaria encontrar uma forma de colocar os seus pontos à opinião pública de forma a preservar a sua honra e ideais. Os paparazzi por sua vez eram instrumentos por ela utilizados para reforçar institucionalmente a sua imagem. Vários CEOs encontram-se em situações similares e necessitam fortalecer e sua imagem institucionalmente para confrontar organizações, veículos e instituições. Surgem a partir daí alianças institucionais implícitas, com apoiadores que irão auxiliar a ascensão e ganharão algo em troca, seja informação ou veiculação, o off da reportagem passará a estar presente em uma relação mútua de confiança, na qual o interlocutor precisará se tornar uma terceira pessoa e não se valer da informação, mesmo que essa possa beneficiá-lo de alguma forma. no momento de solidão dos líderes, o amigo ou parceiro confidente será acessado e deverá se portar como tal. E assim se formam as relações, os interlocutores passam a conhecer a intimidade dos líderes e além de aconselhá-los usar a sua área de influencia para fortalecê-lo institucionalmente, quanto mais fortalecido institucionalmente mais o interlocutor se beneficia da ascensão.
Esse círculo pode ser virtuoso quando boas relações se formam ou vicioso quando o interesse do interlocutor se baseia única e exclusivamente no resultado esperado dessa relação Lady Diana, montou fortes laços de relacionamento com os paparazzi, com critérios pouco definidos, chegando a precisar se afugentar para evitar que invadissem mais a sua privacidade, fortaleceu tanto a sua imagem que transpôs o limite ultimo de retorno. Estava completamente invadida, mesmo que não quisesse mais continuar, a sua vida seria assediada por muito tempo e a sua liberdade tolhida ate o limite da sua vida.
Nos desafios corporativos, as alianças sem limites podem levar as rupturas e perdas de funções, e definir o limite das relações e velocidade de crescimento pode ser o ponto chave da ascensão institucional. A imagem deverá ser pessoal e intransferível, caso contrário o prestígio poderá se tornar um risco.
Alexandre Leite
